Exercício: quando um não não é não

Porque falar o que pensa não dá bons diálogos

Nos anos recentes, os homens finalmente aprenderam (não sem protestos) que, quando uma mulher diz não, é não.

A constatação confunde os homens. Por toda vida, eles foram ensinados que a mulher é dissimulada, faz joguinhos, faz doce. Um não, portanto, seria uma encenação feita para seduzir.

Vamos deixar claro: um não nem sempre é um não. Seja ele dito por uma mulher ou por um homem. E o motivo é muito simples: o ser humano não fala o que pensa.

Isto não necessariamente constitui uma mentira. As pessoas honestas também não dizem o que pensam. Aquele teu amigo que se orgulha de falar tudo na cara, as verdades duras, doa a quem doer? Ele de fato fala tudo na cara, tudo menos as suas intenções.

Quando eu digo que quero ajudar você a escrever diálogos melhores, o que eu estou realmente pensando é: “me dê seu dinheiro. Faça a assinatura paga. Chegou mais um boleto aqui. A assinatura é baratinha e você tem acesso a conteúdo exclusivo de escrita de diálogos, coisa em que nem os melhores cursos de roteiro do Brasil se aprofundam.” Mas você não sabe disso, nem imaginaria, né, pois eu digo apenas “quero ajudar você a escrever diálogos melhores” e você acredita.

O cinema brasileiro tem muitos exemplos de roteiros que você acha muito ruins, mas talvez não saiba dizer, tecnicamente, o que faz deles ruins. Bem, eu te digo: muitas vezes, a razão é que os personagens dizem o que pensam. Isso produz falas diretas, previsíveis e superficiais. Então, bora exercitar.

Antes de ir para a prática de roteiro, é mister deixar claro: jovem moço, se uma mulher te disser não, assuma que o não é mesmo um não. O titio Saravá não falou pra você avançar nela, não validou o assédio. Ele disse que o teu sim pode ser um não, que o seu bom dia pode esconder algo péssimo, e que, sim, o não da donzela pode até ser um talvez. Mas assumir isso e agir de acordo só faz de você um babaca.

Quero ajudar você a escrever diálogos melhores. Então…